S@pphire

 
registro: 06/05/2010
Evolua tanto que os outros precisarão conhecer você de novo.
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¨¨ Uma carta para o meu pai.

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Eu não me lembro, mas a mãe me disse que quando pequena eu chorava cada vez que o você saía para trabalhar. Dormia no meio da cama, invadia o banheiro e tomava banho junto com você.

Na infância pai não é pai, é super herói. É anjo da guarda, é protetor. Lembro de dizer que você era o homem da minha vida.

E também lembro de você me dizer que eu só poderia namorar depois dos 25 anos, ou só quando eu achasse um príncipe, porque era o que eu merecia e não menos que isso. Me fazia sentir única, linda e uma princesa com coroas invisíveis.

Bem, as coisas foram mudando conforme fui crescendo. Eu já não chorava quando te via partindo, porque eu estava ocupada demais brincando com as minhas bonecas e jogos maneiros que ganhava.

Eu já não te via como o homem da minha vida, porque tinha meninos interessantes na escola e que me faziam suspirar feito boba, quanto eu era de fato. Também já não achava mais poético acreditar que você era meu herói, porque isso era coisa de filmes hollywoodianos.

Por uma fase meio estranha, que nem eu me aguentava, por não saber qual personalidade eu tinha, você me ajudava. Me aconselhava em cada dúvida que eu tinha. E mesmo com o seu super conselho de namorar depois dos 25, eu me entreguei para alguns sapos adoráveis disfarçados de príncipes.

E na decepção, lá vinha você de novo, me vendo soluçar por quem não merecia minhas lágrimas e não vinha carregado de razão dizendo “eu te avisei”, com seu jeito ogro também não me dava colo, isso é coisa de mãe, mas com o coração apertado e de uma maneira leve dizia “você tem que gostar de quem gosta de você”.

Com o tempo a gente aprende a valorizar quem sempre e deixa de lado quem nunca. Família é sempre. Então, pai, me desculpe por todas as vezes que eu me distanciei, me auto convencendo de que mesmo te achando o melhor pai do mundo, os caras da escola mereciam mais a minha atenção.

Me desculpe por todas as vezes que respondi suas broncas, questionando sua capacidade de entender algo sobre relacionamentos ou sobre a vida. Mal eu sabia que o mundo não é cor de rosa e tampouco fácil.

Me desculpe por todas as vezes que eu saí de casa enfurecida por achar que só existe a minha verdade, o meu umbigo. E me desculpe por cada afastamento meu, por mudar as prioridades da minha vida, colocando meus amigos num pedestal e colocando minha família em lembretes no calendário em datas comemorativas.

Amadurecer não é fácil. E você já sabendo de tudo e das façanhas da vida, brigava tanto comigo, tentando me mostrar de um modo sensível que nem tudo são flores, e para assim talvez, me poupar de algumas enrascadas e até de alguns choros.

Portanto, mesmo crescida, os sentimentos que aprendi quando criança são eternos. Hoje eu choro só de imaginar sua partida, continuo sendo sua princesa mesmo sem coroa, encho a boca para falar que você é o homem da minha vida e que sim, existe heróis na vida real e eu tenho o meu.

Só posso te agradecer pela educação simples que me deu e pelos conselhos ricos, quem eu sou hoje é só um reflexo seu.

Obrigada pai, por me amar quando eu menos mereci e quando mais precisei. Eu te amo.

Ana da Mata.


¨¨ Não sei por que continuo aqui.

By Alexey Gromakov on 500px. Love the window lighting:

 

Não sei por que continuo aqui. De verdade. Faço tudo o que posso e não encontramos mais um denominador comum. É como se eu conversasse em grego e você latim. A gente não se acerta. Não é superar. É tapar o sol com a peneira. A gente liga o banho-maria e vai cozinhando a situação numa tentativa frustrada de que tudo se resolva sozinho. Sem que a gente precise quebrar a cabeça ou a cara. Mas não dá. Vivemos momentos totalmente opostos. É como se a sua ficha não caísse. Deixou de ser amor. O companheirismo não existe mais. Sinto que sou a rotina do seu fim de semana. Você vive individualmente a sua jornada e quando precisa de alguém para segurar a sua onda, você lembra que eu existo e parte em retirada para o sofá da minha sala. E ali você se instala com seus medos e todos os seus porquês e vai dizendo baixinho que estamos bem, que nada está diferente. Sinto que você age assim para se convencer também. Mas sejamos realistas. Eu vivo seguindo sem você. Vou me refazendo com a certeza de que n ão posso contar com você, porque sei que se você tiver alguma coisa melhor para fazer, você simplesmente vai me dar as costas e vai sair. Mesmo que depois você se arrependa e queira voltar a ter alguém. Isso. Esse o grande mistério: você só precisa ter alguém para regressar quando a carência de colo bate e quando você precisa de alguém que passe a mão nos seus cabelos e diga que tá tudo certo. E isso meu caro, está longe de ser amor. E mais longe ainda de ser o que quero. Preciso de você longe. Com todos os seus problemas e frustrações pra lá. Porque também tenho meus altos e baixos e não tô a fim de segurar a sua mão para endireitar caminhos quando também preciso de mim. Preciso estar inteira para enxugar o pranto e retomar o caminho quando você outra vez achar que somos pesados demais um para o outro e sumir sem deixar pistas. Dessa vez estou sendo democrática, e estou pedindo educadamente que ao fazer isso você perca o caminho, as chaves e me esqueça. Porque estou vivendo de definitivo e não de esporádico.

Marcely Pieroni Gastaldi


¨¨ Torres internas...

Hot as Ice: Filmes.:


Já tive torres internas que foram ao chão. Torres altas demais para mim, torres que nem chegaram a ficar concluídas (as de dentro nunca se concluem), torres que me exigiram esforço, até que alguém, com uma frase, ou com um gesto, as fez virem abaixo. Tinha gente dentro, tinha eu.


Martha Medeiros

¨¨ Só dê ouvidos a quem te ama


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Só dê ouvidos a quem te ama. Outras opiniões, se não fundamentadas no amor, podem representar perigo. Tem gente que vive dando palpite na vida dos outros. O faz porque não é capaz de viver bem a sua própria vida. É especialista em receitas mágicas de felicidade, de realização, mas quando precisa fazer a receita dar certo na sua própria história, fracassa.

Tem gente que gosta de fazer a vida alheia a pauta principal de seus assuntos. Tem solução para todos os problemas da humanidade, menos para os seus. Dá conselhos, propõe soluções, articula, multiplica, subtrai, faz de tudo para que o outro faça o que ele quer.

Só dê ouvidos a quem te ama, repito. Cuidado com as acusações de quem não te conhece. Não coloque sua atenção em frases que te acusam injustamente. Há muitos que vão feridos pela vida porque não souberam esquecer os insultos maldosos. Prenderam a atenção nas palavras agressivas e acreditaram no conteúdo mentiroso delas.
Há muitos que carregam o fardo permanente da irrealização porque não se tornaram capazes de esquecer a palavra maldita, o insulto agressor. Por isso repito: só dê ouvidos a quem te ama. Não se ocupe demais com as opiniões de pessoas estranhas. Só a cumplicidade e conhecimento mútuo pode autorizar alguém a dizer alguma coisa a respeito do outro.

Ando pensando no poder das palavras. Há palavras que bendizem, outras que maldizem. Descubro cada vez mais que Jesus era especialista em palavras benditas. Quero ser também. Além de bendizer com a palavra, Ele também era capaz de fazer esquecer a palavra que amaldiçoou. Evangelizar consiste em fazer o outro esquecer o que nele não presta, e que a palavra maldita insiste em lembrar.

Quero viver para fazer esquecer… Queira também. Nem sempre eu consigo, mas eu não desisto. Não desista também. Há mais beleza em construir que destruir.

Repito: só dê ouvidos a quem te ama. Tudo mais é palavra perdida, sem alvo e sem motivo santo.

Só mais uma coisa. Não te preocupes tanto com o que acham de ti. Quem geralmente acha não achou nem sabe ver a beleza dos avessos que nem sempre tu revelas.

O que te salva não é o que os outros andam achando, mas é o que Deus sabe a teu respeito.


Padre Fábio de Melo


Nossa grandeza e nossa pequeneza


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Queremos colo, mas dizemos que estamos cansados. Desejamos ser ouvidos, mas falamos com aspereza. Temos medo, e em vez de buscar um refúgio, nos irritamos com facilidade. Estamos sensíveis, por isso endurecemos.

Somos grandes e pequenos ao mesmo tempo, mas só mostramos uma face, nem sempre a melhor. Manter certa distância de nossos sentimentos facilita o diálogo, mas não traduz quem somos de verdade...

...Nossa grandeza diz que somos dignos de amar e sermos amados, que estamos no rumo certo, que podemos desejar um monte de coisas, que tudo é possível para quem tem fé, que um dia ruim é passageiro, que a vida é muito boa, que é bom ter a casa cheia, que nunca é tarde para investir num sonho, que somos seres que necessitam de amigos. Nossa pequeneza nos coloca em dúvida em relação ao presente e futuro, nos amedronta diante da novidade, nos afasta das pessoas, diminui nosso amor próprio, afugenta a proximidade dos outros.

Mas ninguém é uma coisa ou outra. Tanto a grandeza quanto a pequeneza têm espaço dentro de nós, e vêm à tona sem que nos programemos para isso. Então o negócio é nos conhecermos melhor _ e aprendermos com os erros. Quem sabe assim a gente se habitue a buscar a realidade recheada de verdade, e descubra que um cansaço é só um cansaço, e não precisa ser mascarado com frieza e distanciamento. Que a vontade de ganhar um abraço muitas vezes tem que ser dita, e que isso não diminui a validade do gesto. Que querer um colo de vez em quando é normal, e nos aproxima um tanto também. Que a tristeza existe, e acusa um monte de verdades que precisamos parar para ouvir. Que depois de senti-la por inteiro, ela vai embora.

E que só quem não tem medo de ficar triste consegue ser feliz por inteiro.




__ Fabíola Simões