O ano não começou, mas já pensa nas constantes mudanças radicais da sua vida. Pede a Deus, a Buda, Alá, energia, astros que mandem forças pra sua nova jornada. Até que ela tá bem. Felizinha vamos dizer... mas no fundo algo a entristece muito. Mas como de costume, vomita na esquina mais próxima. Ela para num bar. “Vodka, por favor”. Enquanto bebe pensa na família afastada, alguns primos chegados, pai ausente, irmão... Alguns tios. Todos em seu devido lugar, nas suas vidinhas normais demais. Quem a ama de verdade? Alguns amigos, talvez...O que sobra? Alguém dessa vez, que não era o que dizia, se foi, ela não quis mais, sem pensar que no momento do aperto e da tristeza ela estava ali do lado. Excluída agora da felicidade, simplesmente virou um fantasma, um vulto... Alguém perambulando noites afora com sua garrafa de vodka e seu cigarro amassado, ela se dá conta que está procurando por alguém que foi ali ser feliz sozinho alguns instantes. Ela não lida bem com ausências mesmo não deixando que ninguém a prenda. Dá de cara com o que ele oferece. POUCO. Pouco pra saciar a sua fome. Ela pensa “Não estou de dieta. Não quero uma saladinha sem gosto. Quero o tempero forte de todos os dias.”Ela se cansa, vai viver nos bares, nas esquinas da vida. Sendo de muitos e ao mesmo tempo de nenhum. Não foi feita pro amor. Realmente, se vê cansada, quando a fazem perder os ares de Julieta, ela simplesmente abre a porta e vai embora esquecendo o que passou e já preparando o funeral para aquele que ela ainda acreditava que viria. Não veio.Ela é assim, não tente entende-la, não tente cortar-lhe as asas, mas também não a ignore, não a deixe de lado.Também não tente convencê-la a voltar atrás. Ela simplesmente detestará aquele que um dia amou. Amou? Ela não ama. Ela deixa a correnteza levar, assiste de longe “aquilo” que julga amor.Só que não quebra a cara, ela quebra tudo de bom que tentaram colocar em sua vida. Destrói, se vai, odeia. Maltrata pra se defender. Não, não atrapalha a vida de ninguém. Ela mergulha na sua solidão e na sua maestria em ser indiferente e simplesmente se vai.NUNCA mais volta ao local onde tudo começou. Faz questão de esquecer o caminho. Esquece rostos, falas, momentos antes especiais...tudo some enquanto toma mais um gole de vodka e procura desesperada o cigarro dentro da bolsa que cabe todas as suas coisas.Ela ODEIA e o ÓDIO a movimenta. Assim ela segue o que chamam de vida. Lobão diria “vida louca, vida breve, já que eu não posso te levar, quero que você me leve”. Agora sem ninguém do seu lado. Só. E acreditando cada dia menos no amor das pessoas. Fala alto “AS PESSOAS SÃO EGOÍSTAS” Pega um ônibus na rodoviária sem querer saber o seu destino... Se foi. Tarde demais pra quem ficou, tarde demais pra quem não deu “aquele” telefonema tarde demais pra quem mentiu, se omitiu, agrediu. É o início de tudo pra ela, sem medo da dor ou das consequências... ri alto do casal que a olha largada no canto e fixam o olhar na sua meia calça rasgada, nas suas tatuagens...Cabelo de cores diferente, olhos negros como a noite mas que brilham como as estrelas, mesmo assim é uma ESTRANHA aos ditos “NORMAIS”. Agora só quer recomeçar, longe daquele que a deixou só, mas lhe fez um grande favor: A deixou mais próxima de si mesma. Não tente encontra-lá, ela será outra em alguns dias, não irá reconhecê-la. Outro cabelo, outras roupas, mais fria, talvez mais longe do que a fizeram acreditar: o amor. Olha a chuva pela janela e em meio às lágrimas, sorri. “Adeus, mais um lugar onde criei expectativas demais”. O ônibus some na estrada. Partiu. Partiu pra bem distante. E nem mesmo ela sabe o caminho. Só vai, pra nunca mais voltar...
Fernanda G.
Fernanda G.
Estado civil: Evitando problemas
registro:
As pessoas estão sendo levadas por uma massa esmagadora de futilidade e ignorância. Estão regredindo.