O medo de ser "vítima" da SOMBRA parece estar predispondo alguns na direção de uma postura passiva ou mesmo covarde diante de questões que, normalmente, requerem uma tomada de posição definida ou uma postura ética e intelectualmente clara. A pseudotolerância diante de divergências de opinião tem causado danos consideráveis nas relações. Basta observar ao redor os inumeráveis "não-me-toques" em voga.
A nota tônica soa cada vez mais hipnótica ao coro dos apáticos "anjos" pós-modernos: "não existe um ponto de vista melhor do que outro". Bobagem. Existe sim. Há opiniões que são simplesmente equivocadas, mal fundamentadas e que não deveriam ser colocadas como de igual valor em um debate, por exemplo; exceto em ambientes nos quais impera soberanamente o cinismo intelectual.
A indolência causada pelo medo de discordar ou mesmo "não gostar de" algumas coisas para evitar "projetar a SOMBRA" ou mesmo para posar de "compreensivo", "iluminado" etc é algo sintomático de uma realidade permeada por censuras politicamente corretas e por um "angelismo" cafona. E mais: é sintoma evidente de uma hipocrisia latente que tem corroído, na base, a inteligência.
Não é de forma alguma saudável potencializar ainda mais o inconsciente com repressões sutis travestidas de superioridade anímica diante da vida; ou agir como alguém que paira sobre o Monte Olimpo e consegue compreender todas as misérias humanas de um ponto de vista "divino".
A SOMBRA, em síntese, corre o risco de se tornar um superego se não for bem compreendida. "Ela" certamente goza de uma felicidade perversa toda vez que você tenta ser "muito bom" e considera que está de sobreaviso contra sua influência.
Não por acaso as posições politicamente corretas trazem o mesmo ranço do puritanismo mais neurótico.
IImpostor
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