Sentimentos Engavetados

Nem sempre encontro palavras para descrever o que sinto. Há coisas que eu não consigo dizer. Sou errante do tempo, aprendiz nessa estrada que eu não trilho só. Às vezes sou maré cheia, um braço de rio, um rio inteiro, um mar de ilusões. Às vezes sou puro deserto, solo rachado, a miragem, sol do meio dia. Houve um tempo em que eu pensei ser capaz de ganhar o mundo, voar alto, até o infinito mais profundo que existe em mim.E eu me julgava capaz romper todas as barreiras, ultrapassar todas as fronteiras, ir até aonde os meus sonhos pudessem me levar. Mas a vida foi, aos poucos, me moldando, me abrindo uma janela para as minhas frustrações, minhas limitações, minhas impossibilidades. Foi me mostrando que eu não preciso nem consigo ganhar o mundo, já que existe um mundo inteiro dentro de mim. E, tudo bem não ser perfeita, não saber andar de bicicleta e ter mais jeito com as palavras do que com a dança. Tudo bem ser meio atrapalhada, meio desajeitada e gostar de coisas simples. Existe um mundo inteiro dentro de mim, mas não posso todas as coisas, e é maravilhoso ser assim. Mas eu acredito nas transformações do tempo e na esperança que se renova a cada amanhecer.

-Eunice Ramos 

Admiro as pessoas que são. Aquelas que se pertencem e permanecem na parte de dentro para poder doar para fora o melhor de si. Admiro as pessoas ativas, reativas, ousadas. Aquelas que se permitem o tapa na cara, as que dão a volta por cima, as que cultivam pequenas sabedorias e as aplicam nas atitudes, as que não temem as altitudes e se jogam, abertas, quando sentem que o voo vale a pena. Admiro as pessoas de verdade, sem neuras, preconceitos e julgamentos, as pessoas sem frescura que sabem fazer cura do mais amargo veneno. Admiro as pessoas que pegam o que é pequeno e torcem, repuxam, esticam e engrandecem a alma, pois são nos detalhes que vivem o que mais alimenta nossa existência. Admiro quem sente o cheiro de terra molhada e fecha os olhos, quem se arrepia com uma música, quem olha as paisagens com o coração. Admiro quem sabe reconhecer sentimentos em extinção e os priorizam quando descobertos, mesmo diante de tudo que esse mundo materialista nos empurra. Admiro quem se permite levar uma surra da saudade, da tristeza, das ausências, e chora até a última gota lhe comunicar sorrisos futuros. Admiro quem larga tudo pelo que acredita, quem muda de rumo, quem sabe perder, quem levanta a cabeça, quem fecha ciclos e reconhece na mudança uma boa oportunidade. Admiro as pessoas que conseguem perder a hora e ainda assim chegar a tempo, aquelas que tem disposição para florir, aquelas que esquecem a idade quando qualquer motivo vira aquela cosquinha gostosa que faz sorrir. Admiro as pessoas que são: que são maiores que os medos, melhores a cada dia, que são rimas mesmo quando não existe poesia.

Lilian Vereza

A vida me virou de ponta cabeça, no início pensei eu ser apenas uma brincadeira, tipo aquelas que a gente faz qdo está no balanço e inclina o corpo para baixo, com a cabeça quase batendo no chão... Quem nunca fez isso no balanço qdo criança?!
Enfim, mas não era brincadeira nem eu uma criança. Era sério e dolorido. Me vi sem chão, me vi ser ar, sem saber oq fazer, tive muito medo e fiquei muito assustada.
Foi algo inédito de tudo que já havia presenciado na vida. Não foi fácil, e eu tive que ser forte para então poder dar força a quem precisava de mim. Eu tive que ter paciência, muito mais do que já tenho no "estoque" , tive que ter amor, amor que vai além do que achava que possuía, um amor que é capaz de dar a vida se fosse necessário.
E em todo esse giro que a minha vida deu, me fez ver que existe coisas tão mais importantes e sérias a qual requer minha atenção, pensamento, tempo, preocupação, dedicação, amor do que outras coisas pelas quais sofri tanto tentando mudar, conquistar, lutar, manter.

E hoje já de volta do chão, me sinto mais preparada para qdo um dia a vida me virar de ponta cabeça novamente, ter a certeza que do chão não passo!

Gratidão Meu Deus por tudo que tem feito na minha vida!