acma1953

registro: 03/01/2011
I miss you,I'm gonna need you more and more each day I miss you, more than words can say More than words can ever say
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Último jogo

In the mood for love, desengane-se quem pense que não estou nesse clima

Nunca se deixa de querer uma pessoa por quem se esteve apaixonado, ainda que esse sentimento  tenha tido origem em fenómenos inexplicáveis. Apenas se consegue aprender a viver sem ela. Talvez seja ainda mais fácil quando a pessoa nunca nos pertenceu.

Não tinhas que me prometer a lua. Bastaria que te tivesses sentado comigo por momentos, debaixo desse globo luminoso e oferecido um sorriso genuíno e sincero.

Há uns tempos naqueles momentos de ausência, em que estamos num local e o pensamento migra para outro plano, dava muitas vezes por mim a imaginar como seria...Partilhar um lar, um pedaço de tecto com aquela pessoa. Aquela que queremos presente em cada detalhe da nossa vida, aquela que não imaginámos a mais de três metros de distância sem sentir que falta uma peça para nos sentirmos completos. Imaginava cada detalhe, cada gesto de carinho, cada mimo, cada descoberta a dois, ...

Imaginava-a a secar o cabelo em frente ao espelho, enquanto eu fazia a barba. Imaginava um abraço apertado pelas costas a meio de um cozinhado. Imaginava-me a deixar post-its pela manhã na sua chávena do café ou no espelho da casa de banho, com mensagens de ternura, outras de humor. Imaginava-me a escrever bilhetinhos e guardá-los sorrateiramente na sua mala, para que soltasse um sorriso quando os visse. Imaginava-me com os seus chinelos pequeninos e o seu roupão ou camisa que não me servem, logo pela manhã. Imaginava os pequenos-almoços na cama, num tabuleiro caprichado. Um bilhete na almofada, de cada vez que me virava e ela não estava. Brincadeiras e gargalhadas entre os lençóis. Serões no sofá de pés enroscados, dividindo a manta, iluminados pela lareira. Aquela pipoca que parece querer dar-me, mas que a sua boca rouba. Imaginava-a a apertar-me a camisa, a espalhar-me o creme pós barbear, hidratante. Os banhos revitalizantes, as massagens ao final do dia. Noites de amor e romance, sem aquele desassossego de no final da noite cada um ir para seu lado. Aquela certeza de que, leve o tempo que levar, ao pôr do sol lá estará ela à minha espera. Às vezes temos de adiar os planos, estagnar vontades... congelar os sonhos. Porque a vida é matreira e dificilmente ensina algo de forma meiga.

Quando julgamos que já percorremos parte do caminho, ultrapassando a barreira mais difícil  - que é encontrar "a" pessoa da nossa vida, somos obrigados a repensar tudo como se fossemos iniciar essa busca pela primeira vez. Viver tudo de novo, mas noutra versão, por muito que não estivéssemos preparados para tal. Às vezes, inesperadamente, há que começar do zero... Recuar uns quantos passos. E os momentos de ausência que me levam para aquele imaginário vão escasseando... até que deixam de existir. A ideia do "pequeno T2 onde podemos viver os dois" não morre... é adiada. A vontade está lá... poderá é ter outro rosto que não as do imaginário de outrora.

Vivi uma história de amor. Um amor de "criança" que ainda estou a tentar perceber se foi mesmo isso ou apenas uma ilusão alimentada pela minha cabeça. Chamem-me velho, retrógrado, sonso... mas estou numa fase em que não me consigo ver com ninguém com quem não me imagine a partilhar algo assim... Talvez pela desilusão, pelo inesperado, por ser recente e pela força e importância que teve para mim, não estou receptivo a casos de "one night stand", não tenho paciência para flirts, não me enche as medidas ter alguém por ter, não consigo sequer estar com alguém e ter aquele pensamento comum de: "Importa é o momento, amanhã logo se vê!". Felicidade momentânea tanto pode ser maravilhosa, como pode não passar disso mesmo: um momento, seguido de vazio. Quero ir com calma antes de partilhar uma confidência, de abrir o meu coração, de deixar escapar um beijo, de deixar agarrar a minha mão ou de um jantar a dois. Quero segurança antes de assumir uma proximidade a alguém perante os amigos. Quero certezas para assumir essa proximidade aos demais. Se não sentir nada arrebatador (por mais pequeno que seja), não quero estar com alguém só pelo medo de estar sozinho ou só porque essa pessoa gosta de mim o suficiente pelos dois e me trata como nunca havia sido tratado na minha vida. Quero estar com alguém pelo que me faz sentir e não apenas pelo que sente por mim (que também conta, claro). Se não for forte, não vale a pena. Prefiro estar sozinho, encontrar um rumo sem me agarrar a alguém, encontrar motivos para sorrir sem depender de uma pessoa. Só aprendendo a ser feliz sozinho, poderei ser verdadeiramente feliz com outra pessoa. 

Desengane-se quem pensa que não estou "in the mood for love"... Não existe melhor coisa do que amar e ser amado, seja por amigos, família e, claro, por alguém. Quero ter direito a tal privilégio, de novo, mas poderei esperar, não tenho pressa é tudo muito recente e fresco, e enquanto as memórias estiverem latentes não estou pronto. Não deixei de acreditar no amor. Só aprendi a ver que ele não existe nas pessoas na mesma proporção ou com a mesma intensidade. Em algumas, não existe de todo - e é dessas que quero manter a distância que a Terra mantém de Marte.

Quem sabe se amanhã no metro não tropeçarei nela? Quem sabe não me esbarrarei com ela no supermercado? Quem sabe ela segure a porta do elevador para mim? Quem sabe ela não me roube o táxi? Quem sabe se já não a conheço?

Quem sabe?!

"Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios." Martin Luther King

https://www.youtube.com/watch?v=uPHmsEoLsL0

https://www.youtube.com/watch?v=qfu7Yrd3N1M